Com o objetivo de formar os professores da rede estadual para o atendimento escolar a estudantes gravemente enfermos e/ou impossibilitados de frequentar o colégio regularmente, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia deu início, nesta segunda-feira (23) ao primeiro módulo da Formação Continuada em Classe Hospitalar/ Atendimento Domiciliar. Na abertura do evento, o Serviço de Atendimento à Rede em Ambiências Hospitalares e Domiciliares (SARAHDO), da Secretaria da Educação, foi oficialmente inaugurado. Atualmente, são atendidos em domicílio cinco jovens gravemente enfermos, assegurando-lhes escolaridade, atendimento educacional especializado e tratamento personalizado e humanizado para estudantes e familiares.
A formação, que prossegue até sexta (27), no Instituto dos Cegos da Bahia, em Salvador, reúne 40 educadores a cada módulo (serão três no total), que serão capacitados dentro da perspectiva de buscar novos conhecimentos que favoreçam a participação social ativa do público-alvo da Educação Inclusiva. O serviço de atendimento escolar aos estudantes gravemente enfermos se estenderá à rede estadual hospitalar tão logo os professores forem formados.
O superintendente de Políticas para a Educação Básica da Educação do Estado, Ney Campello, falou sobre a importância do programa de Educação Inclusiva. “Trata-se de uma das ações estruturantes da política educacional do Estado, que se confirma com a publicação das Diretrizes de Educação Inclusiva e, dentro disso, o atendimento hospitalar é emblemático para assegurar a oportunidade educacional para todos. Não temos que pensar a escola como um prédio físico. Escola é um ambiente onde o estudante está. Se esse ambiente é um hospital, a escola vai onde ele está. Se é na casa, atendemos em domicílio. É a garantia de que o Estado assegure como dever constitucional o direito de aprendizagem para todos”, afirmou.
A coordenadora de Educação Inclusiva da Secretaria da Educação, Patrícia Braille, destacou que o SARAHDO é um serviço novo no Estado, mas que já vinha sendo realizado, não oficialmente, por meio de atendimento escolar a estudantes gravemente enfermos, em suas residências. “O objetivo do serviço é que esse atendimento seja realizado para além do domicílio. Ou seja, vamos implantar uma classe hospitalar e, para isso, estamos formando e sensibilizando os professores que atuarão na área por meio deste curso que será ministrado pelas professoras Veruska Poltronieri e Irami Lopes”.
Psicopedagoga e especialista em Classe Hospitalar, Veruska Poltronier explicou que a formação na área é um campo ainda desconhecido por muitos profissionais da Educação, mas que vem crescendo. “A formação tem o objetivo de falar um pouco sobre o que é a classe hospitalar, tanto do aspecto legal e até do ponto de vista epistemológico; o que é o atendimento domiciliar, como surgiu. A gente precisa ter não só os multiplicadores, mas que os colegas professores possam se sensibilizar com uma realidade que nos traz um número alto – cerca de seis mil – de jovens com patologias crônicas, como oncologia, nefrologia e cardiopatia, entre outras. São pessoas que vivem praticamente no hospital, então é naquele ambiente que eles vão ter acesso à Educação, enquanto, por exemplo, se submetem à uma hemodiálise”.
Atuação do SARAHDO – É o que acontece com o estudante Mateus Silva, 15, 1º ano do Colégio Estadual Sete de Setembro, em Paripe. Ele sofre de epidermólise bolhosa, doençarara e sem cura causadas por um defeito genético da fixação da camada da epiderme na derme. A professora Ariana Santana, responsável pelo atendimento em domicílio ao aluno conta que ele tem o seu cognitivo preservado, mas nem sempre pode ir à escola por conta da sua imunidade. “Dou aula a ele na garagem de sua casa, que é iluminada e ventilada. Ele é muito interessado inteligente e hoje ele se sente uma outra pessoa porque, como é o objetivo do nosso projeto, a gente traz um olhar para além da enfermidade e, com isso, o estudante se sente estimulado a estudar”, afirmou a educadora.
A prova de que o SARAHDO tem resultados positivos foi testemunhada pelo estudante de Arquitetura e Urbanismo, Tato Gomes, 25, que já foi atendido pelo serviço. “A escola foi muito importante para mim porque me incentivou a continuar estudando e me servia de alento para a rotina a que tinha que me submeter por conta da osteosarcoma (tumor nos ossos). Com esse projeto, a gente tira a doença de foco e coloca os estudos. Tanto que hoje faço faculdade e me sinto realizado”, declarou durante o evento.